Tô voltando

11 04 2010

Depois de algum tempo sem postar, hoje conversando com uma amiga psicóloga, Claudia Tavares,que conheci há poucos dias, em determinado momento falávamos sobre a minha passagem por Angola e lembrei que meu blog está desatualizado e..mãos à obra, atualizando.
A última vez que estive por aqui ainda estava em Angola e de volta ao Brasil confesso que fiquei meio desmotivado a postar, mas hoje subtamente me veio aquela vontade de escrever novamente.
No momento estou desenvolvendo alguns projetos profissionais porém há um em especial que estou gostando muito de realizar. Um filme institucional que tem como foco a importante obra social desenvolvida pela Igreja Metodista do Rio de Janeiro, que ofereçe inúmeros serviços à muitas famílias de Campo Grande e também na Gamboa, no Rio de Janeiro. Há um Centro de Atendimento à Idosos em Campo Grande, zona oeste que tem 18 idosas que são umas fofuras. Durante os cinco dias em que lá estive fazendo as filmagens e entrevistas, o Centro de Convivência Anna Gonzaga que normalmente já é muito alegre, se transformou numa grande festa, tamanha era a felicidade das idosas em participar como protagonistas do filme institucional. Já terminei meu trabalho no Anna Gonzaga porém sei que não vou conseguir deixar de dar uma passadinha por lá de vez em quando pra rever aquela turma carinhosa que lá vive, e estou falando também das enfermeiras, médicos, cozinheiras, enfim, toda aquela turma carinhosa e receptiva de lá. Até.





96,5 Fm

22 10 2009

Quem viaja pra Luanda-Angola imaginando que vai ouvir nas rádios sómente música Angolana, deve saber que há a rádio 96,5 Fm, uma rádio estatal que tem uma programação que jamais pensei ouvir aqui na África. A galera que cuida da programação é super antenada e conhece muito de música. Ouço quase todos o dias e já ouvi muita coisa boa. Nas manhãs a música americana é prodominante, a programação é “soft” e no momento em que estava escrevendo esta matéria a rádio tocava LadY Gaga. Há alguns programas específicos que tocam só Havy Metal, só Flash Back e às terças à noita pode-se ouvir os grandes nomes do Jazz como, Joe Coltrane, Louis Armstrong, Duke Hellington, Miles Davis, entre outros. Na hora do almoço podemos ouvir música angolana de boa qualidade, isso mesmo, de boa qualidade, e as cantadas em dialetos são as minhas preferidas Tive a oportunidade de visitar a rádio hoje de manhã e fui recebido com muita cordialidade pelo radialista Cesário Carlos, um cara super simpático, angolano com jeito de carioca, com uma voz grave e aveludada que me mostrou as instalações da rádio e me apresentou seus companheiros de trabalho. Gente muito boa. Até.





Kassequel

21 10 2009

Hoje foi um dia singular nessa minha passagem por Angola. Na minha andança já costumeira, visitei um bairro chamado Kassequel onde há um comércio popular, ilegal a céu aberto, que se vende básicamente produtos alimentícios. Batatas, tomate, beringela, repolho, mandioca, farinha, cebola e muitas outras coisas do gênero. Vende-se também perfumes falsificados, panelas e outras variedades. As mercadorias são expostas no chão, geralmente em uma manta, em bancadas ou em grandes panelas e são exibidas pelas vendedoras, que tratam as produtos como se fossem jóias preciosas. No início fiquei receioso em andar pelo local com minha máquina fotográfica, (fotografar em Angola requer uma certa cautela), porém para minha surpresa, logo que cheguei uma simpática angolana me chamou quase que aos gritos,” êi gajo, venha tirar uma foto minha”. Foi tudo o que eu queria ouvir, empunhei minha Canon e , flash, flash, flash, e virou tudo uma grande festa pois as zungueiras que estavam por perto não quiseram ficar de fora dos cliques fotográficos. Tudo estava indo muito bem pois enquanto estava focado na expressão das pessoas estava em estado de graça, fazendo fotos que há muito tempo sonhava fazer. Quando baixei um pouco o olhar para observar as mercadorias que estavam sendo vendidas vi uma imagem que confesso, me embrulhou o estômago. Aquela simpática vendedora vendia víceras de animais, mais precisamente de cabritos, e dá para imaginar que o visual não é nada bonito. Tudo exposto alí ao sol, à poeira e muita môsca. Esse tipo de comércio é comum aqui em Luanda e o côro que mais ouvi dessas mulheres guerreiras é: “Não temos trabalho, precisamos sobreviver”. Até.





Prédio Sujo

10 10 2009

        Em um dos meus giros por Luanda deparei com algo que me chamou a atenção. Passando pelo bairro Març’al na periferia da cidade, avistei um prédio que se destaca pelo seu péssimo estado de conservação e decidi parar pra tirar umas fotos. Acompanhado pelo meu assistente angolano, Domingos pedí-lhe informações sobre a construção e ele imediatamente me falou em forma de discurso, acho que igual a todos os moradores de Luanda, sobre a história do chamado “Prédio Sujo”. O Prédio foi condenado pelo governo de Luanda e mesmo assim mais de mil famílias hoje moram nesta habitação. O “Prédio Sujo” não tem água, e a iluminação é clandestina. Até aí não há nenhuma novidade, porém o particular desse prédio é que não há nele instalações sanitárias, ou seja; os dejetos dos moradores escorrem pelo encanamento precário e desaguam no chão na base da construção. Dá pra imaginar o odor que infesta o bairro, senti na pele, o melhor; no nariz o cheiro do caos. Até.





Dia da Amizade em Angola

10 10 2009

         Tive a oportunidade de acompanhar aqui de Angola o Dia da Amizade,  festa promovida pela Globo Internacional que teve como foco principal a “amizade” entre brasileiros e angolanos. Milhares de pessoas se reuniram no estádio dos Coqueiros em Luanda para o grande evento que foi movido por muita música, angolana e brasileira. Luciano Huck apresentou a festa e foi porta-voz da mensagem mais importante do encontro, a questão da Aids em Angola. Huck falou dos 170 mil angolanos que são portadores do vírus HIV aconselhando a população a usar a camisinha. Tudo bem, a mensagem foi dada porém a produção do evento falhou em designar o apresentador para um tema tão importante. Quando Huck apresentou a Xuxa, via-se no olhar das crianças o brilho da admiração que os “miudos” têm pela apresentadora brasileira. 

        A questão da Aids em Angola merece atenção especial da Onu pois há um conceito por parte do homem angolano infectado, que fazer sexo com o maior número de mulheres possível faz com que ele se livre do vírus HIV, ou seja; na cabeça desse cidadão, ao ejacular ele joga o  vírus pra fora, melhor dizendo; pra dentro de sua parceira. Isso é muito grave e torna-se necessário que o governo de Angola invista em campanhas publicitárias de conscientização urgentemente para que se possa amenizar o impacto da Aids sobre o povo africano. Voltando à festa do Dia Amizade acho que Xuxa tinha que ter dado o recado sobre essa questão e certamente seria mais ouvida pois a empatia entre ela e as crianças é uma grande oportunidade de conscientização dos “miudos” que crescem hoje em Angola e têm o direito de saber sobre a gravidade da doença e quem sabe no futuro viver em um país com menores índices de casos de HIV. Até.





Komba

4 10 2009

Quando há falecimento de um membro da família angolana o corpo do falecido fica na Morga, Casa Mortuária até que toda a família seja reunida para o sepultamento. Às vezes o corpo do falecido fica na “geladeira” por semanas pois os parentes que moram muito distantes devem participar da despedida do ente querido e também porque há apenas dois médicos legistas em Angola, um angolano e outro úngaro. Enquanto aguarda-se a chegada de todos os parentes, é realizado o Komba, onde toda a família aos poucos se reúne num clima de confraternização, canta-se com roupas coloridas, e bebe-se muito Maruvu, bebida extraída do caule da Palmeira e Capuca , bebida derivada do milho e para comer, são servidos pratos típicos como Fungi e Kimbombo, alimentos também derivados do milho e do aipim. Mesmo após o sepultamento o Komba continua às vezes por vários dias e no último dia da confraternização é celebrada uma missa que visa o rompimento do falecido com o mundo dos vivos e para que ele seja encaminhado para o descanso eterno. Após isso, todos retornam aos seus lares e a vida continua.





As Candongas de Luanda

28 09 2009

A minha primeira segunda-feira em Luanda começou cedo, mais precisamente às 5:30h da manhã quando fui acordado por um barulho urbano que entrava pela janela do meu quarto e tinha como protagonista do barulho, as buzinas infernais das Candongas de Luanda. As linhas de ônibus por aqui quase inexistem e isso fez surgir um meio de transporte público alternativo que no Rio de Janeiro chamamos de “Van”. As Candongas transportam a população pra lá e pra cá e tem um público exclusivamente angolano, pois turistas são aconselhados a não usar esse tipo de transporte, principalmente se for de cor branca. Todas as Candongas são da mesma cor e tinjem as ruas de Luanda de azul e branco e em sua maioria de péssimo estado, num ritmo frenético que anuncia todos os dias que um novo dia começou. Já um pouco mais tarde quando me dirigia para o trabalho vi pelas ruas um verdadeiro comércio informal que em cada esquina oferecia produtos dos mais variados tipos como; saco com pães, frutas, calças, gravatas, rádios para carro, celulares, tapetes, cabides, um verdadeiro “Saara” angolano, e aquela imagem que o mundo inteiro conhece das Zungueiras, mulheres carregando na cabeça enormes cestos num equilíbrio de dar inveja a qualquer circence e ainda com o filho amarrado nas costas por uma canga, mostra o quanto a mulher angolana é escravizada. É.. Luanda tem muito a me mostrar. Até.





Luanda

27 09 2009
Ilha de Luanda

Ilha de Luanda

Hoje saí pra conhecer Luanda. Aproveitei a amabilidade do Carlinhos, um diretor de fotografia show de bola que hoje fez uma macarronada deliciosa pra galera aqui da casa. Assim como eu, Carlinhos veio do Rio pra trabalhar no mesmo projeto aqui na África e conhece um pouco da cidade. Após algumas voltas reparei que Luanda ainda tem muitos prédios com  marcas de 30 anos de conflito revelados em vidraças estilhaçadas pelo mal da guerra. Carlinhos também me levou pra conhecer a Ilha de Luanda, um lugar meio xique que vende cerveja caríssima, tipo R$ 8,00 uma Long Nec que é frequentado por gringos e também por muita gente que trabalha na Odebrecht  e que mantém os vendedores ambulantes sob vivilância o tempo todo por seguranças particulares. Como estava com a minha inseparável Canon, aproveitei e fiz algumas fotos no local. Batemos um papo, tomei uma Coca-Cola que foi paga pelo Robson, um fotógrafo da pesada que também está trabalhando comigo, pois ainda não consegui por no bolso um Kwanza (moeda local) sequer. Amanhã é o meu primeiro dia de trabalho aqui. Vai começar a pauleira total. Até.





A Cuca fica pra depois

27 09 2009

_MG_0226Desde que retornei ao Brasil após ter passado pela experiência de trabalhar em Nova Iorque, idos pouco mais de oito anos, me surgiu agora a oportunidade de trabalhar em Angola- África. Hoje já rumo ao continente africano, dentro do avião observava com a visão, ora de repórter cinematográfico, ora de cineasta, o perfil dos passageiros que eram em sua prodominância negros. Nas três primeiras horas de vôo, o silêncio reinou absoluto entre mim e os dois angolanos que viajavam ao meu lado. Quando foi servido o almoço, o silêncio foi quebrado graças a duas latas de cerveja Cuca, a mais popular de Angola, consumidas pelo passageiro ao lado que logo após o terceiro gole, tratou de puxar assunto demonstrando a simpatia do povo angolano. Embora naquele momento tenha ficado com uma enorme vontade de experimentar a famosa cerveja Cuca, contentei com Coca-Cola pois estou tomando antobióticos para me curar de uma infecção urinária, a Cuca fica pra depois. E assim seguimos viagem com absoluta tranquilidade pois o avião seguia seu destino como se deslizasse em um tapete de boa qualidade. Agora são 1:50 da madrugada e estou escrevendo as linhas finais de hoje olhando os carros que passam pela avenida em baixo da minha janela que coincidentemente tem o nome de Avenida Brasil. Até.





A aventura começa hoje

25 09 2009

Começa hoje em minha vida um momento novo, e quero dividir com vc´s essa “aventura”. Estarei aqui todos os dias contatando alguns detalhes dessa jornada que espero ser de muito crescimento, principalmente como ser humano. Até.